Por que endireitar a história?

Existe um consenso de que o ensino de história se tornou campo de uma guerra cultural, no qual a visão esquerdista se tornou hegemônica no decorrer dos últimos 50 anos. Neste processo, a cultura brasileira perdeu em riqueza, na medida em que apenas um lado era contado e o outro lado era criticado exaustivamente.

Aplicada aos historiadores, talvez a frase ao lado de Karl Marx represente exatamente o que sucedeu com a história brasileira. Karl Marx pregava a transformação do discurso em prática – era necessário transformar a sociedade por meio da antidemocrática luta armada. Mais tarde, bebendo da mesma fonte, Antonio Gramsci e seus seguidores trariam esse engajamento político para o ensino e, por consequência, sua visão de mundo acabou por prevalecer – isso não é fenômeno exclusivo do Brasil, mas, talvez por conta da nossa fraca formação cultural, as consequências sejam ainda mais nefastas.

Tome-se o caso do pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987), talvez um dos mais relevantes pensadores brasileiros. Em seu clássico Casa Grande & Senzala (1933), a ausência de pensamento marxista é evidente, o que aumenta ainda mais a sua importância como obra referência do pensamento brasileiro do século XX. Ao longo das últimas décadas, sua obra tem sido colocada de escanteio nos círculos intelectuais universitários, ignorando-se a grande contribuição para a compreensão da formação da sociedade brasileira.

É justamente para oferecer uma visão diferente sobre fatos históricos que é necessário endireitar a história.